Património de Aldeia do Bispo com Sónia Duarte
No passado dia 6 de abril, no evento "Arte e Música n`Aldeia", a Igreja Matriz foi palco de um momento marcante de valorização do património local com a inspiradora palestra "Arte e música na aldeia: O património de Aldeia do Bispo, Guarda", conduzida pela Prof.ª Doutora Sónia Duarte.
A investigadora, com uma abordagem sensível e rigorosa, trouxe à luz um capítulo fascinante da história cultural da freguesia: a presença de anjos músicos pintados sobre madeira, peças artísticas de rara beleza e simbolismo, existentes no interior da Igreja Matriz. Este conjunto pictórico, fruto de um trabalho artístico erudito com raízes populares, remonta ao final do século XVII/inícios do XVIII, e está integrado no património imaterial e devocional da comunidade.
Durante a palestra (disponível no YouTube), a Prof.ª Sónia Duarte destacou como estas figuras angélicas representam mais do que simples elementos decorativos. Elas são símbolos vivos da espiritualidade, da música como linguagem sagrada, e da ligação entre arte e fé no contexto rural português.
Estes anjos, representados a tocar instrumentos como alaúdes, harpas ou trombetas,são uma expressão estética, mas também testemunho da importância da música na liturgia e na vivência comunitária. São vestígios de uma sensibilidade artística que, mesmo num meio modesto, procurou espelhar a grandeza do divino através da beleza sensorial.
A apresentação foi enriquecida com material visual e documentação — como os ficheiros disponibilizados (documento 1 - Apresentação, documento 2 - publicação do trabalho científico) — que contextualizam a análise técnica e histórica desta pintura em madeira. A investigação sublinha a necessidade de preservar e restaurar este património, promovendo a sua valorização junto das novas gerações e dos visitantes da região.
Um dos nomes associados a este património e ao contexto histórico da região foi o Bispo da Guarda Bernardo António de Melo Osório (1742–1774), figura que também surge em investigação apresentada, ajudando a contextualizar a produção artística e religiosa da época.
Este evento reforça a importância do património imaterial como elo entre passado e futuro. Em tempos de acelerada mudança, redescobrir e cuidar destes sinais do sagrado e do quotidiano rural é, mais do que um dever, uma forma de celebrar a identidade cultural de uma comunidade.
A Aldeia do Bispo, com os seus anjos músicos silenciosos, convoca-nos a escutar com atenção a melodia da história, feita de fé, arte e memória. Que esta partilha seja semente para futuras ações de conservação e fruição coletiva de um legado que é de todos.
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