António da Costa Gil
14 março de 1936
88 anos
Filho de Joaquim Gil e Maria da Natividade, nasceu na Quinta do Teixal em Aldeia do Bispo, no seio de uma família, onde cresceu na companhia dos seus dois irmãos e duas irmãs, tendo sido o ultimo da “fornada”, como diz o povo.
Frequentou a escola primária até à 3ª Classe, terminado este percurso já de adulto.
Desde pequeno que a sua grande principal paixão era guardar as ovelhas. Ironia do destino ou não, foi o que sempre fez ao longo da sua vida, mas com muito trabalho diário, pois não bastava alimentá-las, tinha que lhe fazer a cama, tratar da ordenha, dos borregos que nasciam e precisavam de mais cuidados, organizar a tosquia, etc.
A sua irmã Esperança com a sua mãe, tratavam do leite, da produção e venda do queijo.
Como a Quinta do Teixal, tinha boas terras e se situava a num nível mais baixo da aldeia, o frio não era tão duro, ali se produzia boa batata, muita castanha e azeite, tendo por vezes que dar também uma ajuda nessa área.
Com o passar dos anos, viu sair de casa os seus 2 irmãos e uma irmã para casarem e constituírem as suas famílias, ficando pela quinta com os seus pais e a sua irmã Esperança.
Com o falecimento dos seus pais, António e a sua irmã, ficaram sozinhos a tomar conta da quinta, ele com o seu rebanho e ela com a lida da casa e pouco mais. Apenas semeavam e tratavam os campos para subsistência própria.
Tudo corria tranquilo até o fatídico incêndio de agosto de 2003, lhes tirou o que mais gostavam, uma grande parte das suas vidas foi destruída naquele dia !….. tudo o que tinham se desmoronou e transformou em cinzas, só ficaram as pedras e as memórias! ..... Este infortúnio alterou radicalmente as suas vidas e vieram viver para Aldeia do Bispo, numa casa cedida pelas Cáritas. Sem terras para tratar, sem ovelhas para apascentar, animais domésticos para cuidar, mas vida obrigou-os a erguerem-se e continuar a caminhada….
Passado algum tempo ainda ía todos os dias à Quinta do Teixal, porque era lá que tinha as suas memórias e as suas raízes… Ainda arranjou umas cabritas e tratava alguma terra, até que as pernas aguentaram, acabando por deixar o pouco que lá restava ….
A via na aldeia não foi fácil para quem sempre andou livre pelos campos e agra se encontrava entre quatro paredes nos longos dias de inverno à lareira. Aos domingos renovava o ânimo com a ida á missa e depois do almoço até ao clube onde convivia com as gentes da terra.
Os dias foram passando sempre na companhia da sua querida irmã Esperança, até que o destino os separou, embora por pouco tempo, quando a viu partir para o Lar, aquela que seria a terceira e provavelmente a sua última casa em vida. Sozinho, restavam-lhe apenas as memórias de um passado que já não voltava, por isso resolveu juntar-se de novo à sua irmã, onde certamente sente o aconchego que lhe tranquiliza a alma nos seus dias da caminhada da vida.
Escrito por Dorindo Vaz, dezembro de 2024.
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