António Martins

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28 abril de 1942
82 anos

Nascido em Vila Boa do Mondego, Celorico da Beira, na década de 40 (1942), cedo se apercebeu que os seus sonhos e espírito aventureiro não cabiam nesta pacata aldeia.


Aos 11 anos, sem qualquer apoio, contra a vontade dos pais, rumou para a capital em busca de soluções para aquilo que não encontrava na sua terra. Em condições ínfimas de vida digna, “sem eira nem beira” arranjou trabalho em Lisboa ligado à hotelaria, a fazer recados, a correr de um lado para o outro, mas sempre com mira de melhores dias. 

Em idênticas atividades passou por Coimbra. Cumpriu o serviço militar obrigatório quando a idade assim o exigiu, mas não foi mobilizado para África, como aconteceu a tantos.


Nas suas vindas à terra natal, em momentos que a vida lhe proporcionava, chamou-lhe a atenção a professora que então lecionava na Vila Boa. Rapaz que desde menino (11 anos), tinha aprendido a vida em Lisboa, não lhe faltava bom gosto, acrescido de maneiras invulgares de saber ser e estar. Sobressaía pela maneira diferente de se saber arranjar, com roupas distintas, e pela forma civilizada de comunicar, de saudar, de tecer elogios oportunos – um verdadeiro gentleman, que qualquer donzela cobiçaria. Assim conquistou também o coração da que viria a ser a sua esposa.

Após o casamento, continuou a sua vida em Lisboa, para onde, passado algum tempo, se mudou a esposa, tendo deixado o ensino, como professora regente.


Todavia, o horizonte de vida do jovem casal era ilimitado e não conhecia fronteiras. Sabendo do sucesso que muitos conseguiam na emigração, o seu destino foi, como de muitos, França. Por lá, sem receio de lançarem mãos à obra, a vida prosseguia e iam dando a mão a outros familiares que foram após eles e os integraram e ampararam. Esgaravatando como podia e onde conseguia a vida ia sorrindo e mostrando bons resultados.


Os familiares de António Martins, entretanto emigrantes na América, foram-no aliciando que deixasse (ele, a esposa e duas filhas) a França, porque na América era melhor, ganhava-se mais, estavam juntos… e, após continuada insistência, mudaram-se para a América. Voltam as dificuldades de um país novo: língua, emprego, integração. Mas a facilidade de adaptação, trabalho, espírito de sacrifício e empreendedorismo fizeram com que António Martins, de empregado de restauração, brevemente se transformasse em chefe de restauração e proprietário. Os apertos de uma vida de aventura começaram a ser menos e a tranquilidade começou a ganhar terreno, com reflexos notórios de realização pessoal e económica.


Decidiu, nos finais da década de 80, regressar à sua pátria para uma vida tranquila, mas rapidamente se apercebeu que a sua atividade ainda tinha de voltar a dar que falar: abriu um Salão de Chá em Celorico da Beira e foi um enorme sucesso, na vila e nas redondezas, além de outros investimentos que se vieram a revelar lucrativos.

Em síntese, podemos afirmar que tem sido uma vida com apertos, com alguns transtornos e acidentes, mas de enorme sucesso, que ainda está para durar. 

Escrito por Augusto Rodrigues, dezembro de 2024.

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