António Pires Abrantes

Imagem

11 janeiro de 1932
92 anos


Sendo um entre sete irmãos, cedo aprendeu a pôr em prática os valores da partilha, da entreajuda e do trabalho. 

A escola, concluída até à 4ª classe, foi frequentada em paralelo com uma série de afazeres, ora mais exigentes, ora mais leves, mas que adiavam os momentos de brincadeira para o serão, à lareira no inverno, ou ao luar, quando era verão.


Ao atingir a maioridade e ser chamado para o serviço militar obrigatório, viu-se, pela primeira vez e por um longo período, afastado da aldeia onde nasceu. Deste tempo, que o levou até à Índia, guarda boas histórias e memórias, numa aventura de autodescoberta e de contacto com um mundo até então distante e desconhecido.

Os anos seguintes foram marcados pela formação da sua família, ao lado de Maria do Céu, também ela filha da mesma terra. Juntos, lançaram-se no desafio de abrir um comércio na aldeia, que mantiveram ao longo de quase 35 anos, servindo tanto os residentes como aqueles que por cá passavam. 

Em tempos de forte emigração, resistiu à tentação de sair em busca de melhores condições de vida. Optou por ficar, assumindo com dedicação o cargo de Presidente da Junta de Freguesia, uma missão abnegada que desempenhou durante 14 anos, enquanto muitos outros partiam.


A sua carreira profissional na indústria fabril começou com a abertura da fábrica da Renault, na Guarda-Gare. Além da estabilidade financeira, esse período trouxe-lhe grandes amizades, enriquecidas por um espírito de companheirismo que cultiva até hoje, algo que só encontra paralelo no seu grupo de caça.

Com o fim da vida de empregado, assumiu a gestão do seu tempo com orgulho e liberdade, dedicando-se a semear, cuidar e colher nas terras de Aldeia do Bispo, a sua morada de sempre. 

Os dias passaram a ser menos rígidos em horários, mas a azáfama que o ciclo das estações impõe nunca lhe deixou espaço para ociosidade ou desperdício de tempo. 

Na serenidade e no pragmatismo, encontrou consolo e apaziguamento para as muitas perdas que enfrentou ao longo da vida, especialmente a da sua companheira de mais de 50 anos.

Explica a sua boa forma física e mental com uma vida sem excessos, mas cheia de pequenos prazeres: uma alimentação equilibrada, pouco tempo passado sentado e a constante fuga da preguiça e do imobilismo.


Gosta de um bom jogo de sueca e de uma refeição prolongada. Cultiva o prazer da conversa, aprecia a companhia dos filhos, valoriza a amizade verdadeira e ama a sua terra — onde, como gosta de dizer, até o frio é de qualidade!

Comentários

Mensagens populares