Hermínio Matias Vaz

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28 setembro de 1939
85 anos


Nasceu em Aldeia do Souto, concelho da Covilhã, onde viveu até aos 14 anos com os pais Luciano Vaz e Agostinha Matias e com os seus 9 irmãos. 
Frequentou a escola primaria apenas até à 3ª Classe, já que o seu pai o mandou guardar as ovelhas lá de casa e ajudar na lavoura, contribuindo para o sustento familiar.

Em 1953 toda a família se mudou para Aldeia do Bispo, a convite do compadre do seu pai que tinha ligações familiares neste povoado, com a condição de tomarem conta do casal (pequena propriedade rústica) e da sua proprietária Senhora Marques que ali vivia sozinha, os seus já curtos dias de vida…. Sendo o seu pai um lavrador experiente, apreendeu com ele o jeito de jungir a junta de vacas para lavrar os campos e dar jeiras para outrem, levar carros de mato para os fornos das muitas padarias da cidade da Guarda, a da Marinete, a do Bom Fim, do Paço do Biu …. 50$00, era quanto recebia por cada carro de mato, optando muitas vezes pela troca de uma saca de pão para levar para casa da dita Senhora Marques, onde todos viveram até a sua morte. 

Mais tarde, foi servir para a Quinta do Zuna situada no Noémi e também para o Ti Arménio Almeida de Aldeia do Bispo, trabalhando essencialmente na agricultura e dando jeiras com a junta de vacas. 


Em 1960 constituiu família, casando com Maria Fernandes da Costa de Aldeia do Bispo de quem teve 5 filhos. Em 1961 partiu com a sua esposa e a primeira filha ainda bebé, para a Vila de Riachos em Torres Novas, para trabalhar num armazém de peixe, onde já se encontrava um dos seus irmãos, regressando passado um ano e meio a Aldeia do Bispo, encontrando trabalho na empresa J Rafael da Guarda, o que lhe permitiu o acesso do abono para os seus filhos. 


Face à crise que Portugal atravessava, a emigração foi a solução encontrada, tendo resolvido à semelhança do seu pai e da maioria dos seus irmãos, emigrar para França. Em dezembro de 1966 através do passador de Aldeia do Bispo Sr. António Martins residente em Espanha, atravessou a fronteira a salto, a quem teve que pagar 5000$00. Acompanharam-no António Borrego, António Matos de Almeida, pai Sr. Padre Alberto, atual pároco da Freguesia, o seu tio Alexandre Fernandes da Costa entre outros. Não esquece os duros dias e noites desta longa viagem feita a pé, por vales e serras e com muita chuva e neve pelo meio, até chegar ao país que não era o seu, mas que lhe viria a proporcionar melhores condições de vida para ele e para a família que deixara em Portugal.

Já em França, foi fundamental o apoio de conterrâneos e amigos que por lá encontrou, bem como a arte de pedreiro que também aprendera com o seu pai. Trabalhou numa central de alcatrão de uma grande empresa de infraestruturas publicas, sendo mais tarde transferido para a construção das estradas. Depois de um ano em França, voltou a Portugal para visitar a família, e entre idas e vindas prolongadas, ali passou 8 anos da sua vida, regressado definitivamente ao seu país a seguir ao 25 de abril de 1974.

Em Portugal continuou a exercer a sua arte na construção civil, recordando com orgulho, a primeira casa que construiu no novo loteamento de Aldeia do Bispo, ao Sr. Afonso Luis regressado do Canadá. Construiu a nova barbearia da Aldeia, recuperou a antiga escola primária para sede do Centro de Convivio (atual Clube), construi 6 fornos privados, colocava novos soalhos, reparava telhados e muitos outros trabalhos requisitados pela Junta de Freguesia. 

Trabalhou alguns anos na empresa do Tó Silva no Barracão, onde construiu 5 vivendas, mais tarde na Gessimolde e por fim na Câmara Municipal da Guarda, na seção de obras, onde trabalhou durante 20 anos até se reformar aos 65 anos, recordando os seus Presidentes Abilio Curto, Maria do Carmo Borges e Joaquim Valente. 

Aldeia do Bispo é e será sempre o seu lugar de eleição, onde se sente bem e é feliz, junto da sua esposa, filhos, nora, genros e netos, sempre por perto. 

Dedica-se os seus dias a amanhar a terra, e a cultivar tudo que ela dá, desde o vinho às batatas, das hortaliças às castanhas e ainda cuida dos seus animais domésticos, em especial da sua burrita Carriça, que ainda carrega as castanhas nos alforges, traz umas cargas de gestas para o ajudar ascender a lareira lá de casa. Sendo o único exemplar da sua espécie na terra, ainda proporciona à criançada, nos tempos de férias, divertidos passeios de carroça pelas ruas de Aldeia o Bispo.


Escrito por Dorindo Vaz, dezembro de 2024.

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