Natália Abrantes Pires

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7 fevereiro de 1927
95 anos

Nasci a 7 de fevereiro de 1929 na Aldeia do Bispo que me abraçou nestes anos todos. 

Filha de Maria da Natividade que me deu seis irmãos para nunca estar sozinha. Quis ela que eu aprendesse letras e os santos mistérios. 

José Abrantes, meu pai, me ensinou os mistérios da terra e me salvava das trovoadas que rasgavam os céus.


Na escola primária roubei todas as letrinhas à minha professora Zulmira, tenho-as comigo e nunca me abandonaram. À noite me contam histórias e durante o dia escrevem-nas em linhas por vezes tortas e por vezes direitinhas nos antigos linhos e em finas sedas. 


Apaixonei-me pelos livros e, inesperadamente, descobri um nome muito incomum: Heliodoro.

Num dia incerto, o Heliodoro me roubou o meu coração e me ofereceu o seu para a vida toda. 

Juntos caminhávamos a estrada da vida e choro a ausência dos seus passos. 

Cumpro o seu desejo de caminhar com os nossos filhinhos até ao dia que me venha buscar para nunca mais nos separarmos. 


Faz-me falta a metade de mim e quis Deus apaziguar a dor de alma. 

Me deixam revestir as pedras do meu caminho com delicados bordados de um Castelo Branco e de uma Viana com Castelo. Os agasalhos das castanhas aconchegam os fios aos linhos para contarem histórias.

Que o meu caminho me leve à Vila de um Conde junto ao mar para que a espuma das ondas me inspire a fazer Rendas de Bilros. 

Não imaginava participar em exposições, feiras e outros eventos que fizeram pulsar o meu coração e a minha terra. 

À igreja, casa de Deus e ao museu, casa da História da minha terra pedi que aceitassem pequenas lembranças para as visitar em paz. 


Bem-haja a ti que enalteces o pouco que faço! 
Bem-haja a ti que me levas aonde não posso chegar! 
Bem-haja a ti que me ensinas o que ainda não sei! 
Bem-haja a ti que me levantas quando caio!
Bem-haja a ti que não me esqueces e sossegas o meu coração!

Memórias da família e da terra, lar de todos.

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