Aldeia Museu em reportagem na revista TvMais

Na revista nº 1562 de 21 a 27 de dezembro de 2022, a TvMais, fez uma reportagem especial do caso real da Maria José Martins da Costa, texto de Filomena Araújo.

Durante a pandemia, e porque a filhas não a deixavam sair de casa, começou, ponto a ponto, a recriar a sua terra, a Aldeia do Bispo, com mais de 100 peças que estiveram em exposição no museu local. Os elogios, esses, vieram até de França...

Era ainda uma menina quando se abeirava da mãe e da avó para aprender a pegar em agulhas e fios coloridos. "A minha vocação vem de família. A minha mãe e a minha avó eram muito habilidosas. Foi com elas que aprendi a fazer crochê", começa por recordar Maria José Martins da Costa, de 81 anos, à TvMais, acrescentando que na juventude colocou em prática tudo o que aprendeu.

"Quando era nova, fazia muita renda e também aprendi abordar. Fui eu que fiz todo o meu enxoval de casamento."


Maria José fez o antigo curso de regente escolar e deu aulas do 1º ciclo, mas nos tempos livres dedicava-se ao seu passatempo favorito. "Não consigo estar quieta. Para mim, o crochê é a minha terapia".

Enquanto estou entretida não penso em doenças", revela. Já reformada, deu largas à sua imaginação e fez peças decorativas, inclusive para árvore de Natal que todos os anos monta na casa da aldeia.

Mas foi durante a pandemia que revelou toda a sua criatividade ao aventurar-se numa nova técnica, o croché 3D. 

"As minhas filhas [Paula e Elisabete] não me deixavam sair de casa. Comecei por fazer duas imagens de Nossa Senhora de Fátima para lhes oferecer e depois um presépio para o meu neto Nuno Miguel, que já tem a sua própria casa. Tenho outro neto, o Guilherme António, mas ainda não lhe ofereci um presépio." 

Só que não ficou por estas peças e durante a pandemia deu mais ao dedo que nunca para colocar de pé a sua maior criação, incentivada pelo marido (António Martins), com quem trocou alianças há 56 anos, e desafiada pelas filhas.

"Como gosto muito da minha aldeia, comecei a fazer algumas casas antigas e outras modernas, a igreja, o chafariz, o tanque de lavar a roupa, o forno para cozer o pão, o museu, o centro de dia. No total fiz 100 peças", enumera a artesã, que passou a fazer do crochê 3D a sua imagem de marca. "Foi uma técnica que inventei".


Sinto que tenho muita imaginação e sou criativa, além de ter muito brio no que faço."Ao seu lado tem o seu maior apoio e também o crítico que não deixa nada por dizer. "Enquanto estava a fazer as peças, o meu marido às vezes criticava-me. Uma vezes eram críticas positivas, outras negativas. Chegou-me a dizer: 'Isto está torto'. Mas deu-me imenso apoio, como sempre faz."


A igreja da aldeia é especial para Maria José porque foi onde se casou e antes já tinha sido batizada, tendo sido também escolhida pelas duas filhas para os seus matrimónios.

ALDEIA NO MUSEU

Só que uma obra tão bonita não podia ficar fechada em casa, merecía ser apreciada por todos, e acabou por ser uma atração no Museu da Castanha, na Aldeia do Bispo, concelho da Guarda, onde foi fotografada e filmada para a televisão. "Quando comecei a fazer a aldeia não pensei em exposições, só queria estar entretida para passar o tempo. É claro que fiquei muito satisfeita com a exposição e com todo o cenário que foi criado à volta que enriqueceu o meu trabalho. Foi uma boa surpresa."

A exposição "Ponto a Ponto Chegamos à Aldeia" encantou os visitantes durante os dois períodos, deste ano, em que pode ser apreciada. 


"As pessoas aderiram muito e teve entre 800 a 900 visitantes de todo o lado do País e até de França." Além de que não faltaram convidados ilustres. "A senhora ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, e o senhor presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, foram visitar a exposição.


As felicitações têm sido muitas e algumas chegam-lhe por mensagem no telemóvel. "Recebo parabéns e elogios pelo meu trabalho", conta Maria José, que agradece a quem teve a iniciativa. "O presidente da Junta de Aldeia do Bispo [Micael Costa] já me tinha pedido para fazer o Senhor da Cruz para a procissão [tradição religiosa anual] e que está incluído no trabalho, e mais duas pessoas que ajudaram em tudo, os senhores Dorindo Vaz e João Carlos Camurça", conclui.

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